HISTÓRIA



O Museu é um espelho onde a população se olha para se reconhecer... onde ela (população) procura o território no qual está inserida, uma ligação com as populações que procederam na descontinuidade ou na continuidade das gerações”. (Hugues de Varine)"


O território goioerense tendo sentido o domínio de outros povos a partir do início do século XVIII, permaneceu praticamente desabitado.
Em 1943 os irmãos Francisco, Carlos e Wladimir Scarpari estabeleceram de forma pioneira às margens do rio Goioerê, fundando ali as primeiras fazendas de café.
Embalados pelas notícias do surgimento de inúmeras cidades os Scarpari fundaram a Imobiliária Sociedade Goio – Erê.

O povoamento do solo se fez a galope, sem precedentes nos fatos de colonização.
As primeiras famílias a adquirirem lotes foram as de Júlio Castilho.
Um fator de progresso na região foi à construção de importante rodovia, ligando Campo Mourão a Cascavel e passando pela localidade de Goioerê, permitindo agilidade no transporte.
Através da Lei Estadual nº 48 de 10 de agosto de 1955, foi criado o município de Goioerê, com território desmembrado de Campo Mourão.
Origem do nome
O Município recebeu este nome devido durante sua colonização as primeiras fazendas de café se estabeleceram as margens do Rio Goioerê, nome que provém da língua Caingange, nação indígena que habitou (e ainda habita) várias regiões do Paraná.
  • GOI ou GOIO significa "água", "rio". De fato, a palavra é NGOI, porque na pronúncia Caingangue, antes do “G” há um som nasal que pertence à consoante, parecendo “ng”.
  • RÊ significa "campo", "campina", mas devido à forma como os Caingangue pronunciam o seu R, os brasileiros costumam registrar, na escrita, uma vogal antes do R, igual à vogal da sílaba.
No nome "Goioerê" se juntam dois substantivos e a ordem do Caingange fica mais parecida com o Inglês:

GOIOERÊ = NGOI + RÊ = campina d’água

Conforme o indigenista Edívio Battistelli a tradução inicial do nome de Goioerê foi feita errada, as palavras “Goio e Erê” na verdade significam ‘Campina d'água’ e não ‘Águas Claras’. O termo errôneo “Águas Claras” foi registrado oficialmente pela primeira vez pelo jornal Folha da Manhã, em sua edição do dia 5 de setembro de 1986, que designou o termo Goioerê como “água limpa ou clara” e hoje ainda é muito utilizada pela população do município.
De acordo com Battistelli, a tradução de “Goio” está correta e significa "água" ou "rio". Já a palavra “Erê”, traduzida inicialmente como clara ou limpa, na verdade significa "campo" ou "campina". Ele prova a tradução ‘Campina d'água’, citando as cidades de Erexim, também na língua caingangue e que segundo ele quer dizer Campo Pequeno. “Erê é campo e Xim pequeno”, esclareceu. Outros exemplos são Goioxim, que significa Água Pequena ou rio pequeno e Xanxerê que quer dizer Campo de Cascavéis. “Com isso se esclarece que Erê significa campina e não claro ou limpo como diz a primeira tradução”.
Outro erro muito comum é o de escrever o nome do município separado por um hífen "Goio-erê". Atualmente a grafia correta é "Goioerê" sem o uso do hífen, conforme aprovado por lei municipal. Hoje o mesmo se aplica ao nome Rio Goioerê.
Fatos históricos
A cultura do algodão marcou a  história do município.
O município de Goioerê está situado na região de maior produtividade de hortelã do mundo, no ano de 1966 o município produziu 250.000 kg e em 1967 foram 600.000 kg sendo considerado o maior produtor do mundo desse importante vegetal na época.[6]
O município se destacou na década de 80 e até meados de década de 90 como maior produtor nacional de algodão,[7] com isso o município que ainda agregava os distridos de Rancho Alegre d'Oeste e Quarto Centenário chegou a ter uma população de 100.360 habitantes. Nos anos de 1990, Goioerê era o maior produtor de algodão do Paraná e o Estado respondia por 50% da produção nacional da cultura.[8] Para o beneficiamento dessa matéria-prima, foram implantadas a Fiação Coagel (Cooperativa Agropecuária de Goioerê) e a Montecatini que atualmente é conhecida por Sintex foi a primeira tinturaria industrial do estado, prestadora de serviços para terceiros. Sob essas condições houve um boom no setor de confecção na região.
Com o objetivo de se promover o desenvolvimento, empenhou-se para tornar-se um pólo têxtil regional. Envidou ações no sentido de viabilizar a implantação de indústria à jusante da fiação de algodão. Em 1992, foi implantado no município o curso de Engenharia Têxtil através da criação de uma extensão da Universidade Estadual de Maringá.

Assalto ao Banco do Brasil de Goioerê em junho de 1988, a cidade pára durante uma semana e o acontecimento chama a atenção da imprensa nacional ficando conhecido como o assalto mais longo do país.
Em junho de 1988, o mais longo assalto a banco da história do país, mobilizou a polícia paranaense e tomou a atenção da imprensa de todo o país. A cidade pára durante seis dias, o comercio fecha as portas e os moradores se concentram perto do banco a espera do desfecho.
Dois assaltantes (Paulo e Lourenço) invadem a agencia do Banco do Brasil em Goioerê e 23 pessoas que estavam na agência foram rendidas, 8 delas se tornaram reféns e depois de uma primeira fuga frustrada, o gerente do banco e um repórter policial da TV Tarobá ficam em poder dos assaltantes.
Na manhã do sexto dia, a surpresa: uma freira - irmã Letícia - faz contato com os assaltantes e recebe deles uma pistola. A feira se transforma em negociadora e da janela da agencia ela faz um acordo com os assaltantes que devolvem parte do dinheiro e se comprometem a liberar o gerente e o repórter em troca de garantias para a fuga. A freira se oferece como refém, junto com o padre Marcelino.
Irmã Letícia e o padre entram no banco e do lado de fora havia um carro para ajudar na fuga, em seguida a freira sai acompanhada por três homens com capas e rostos encobertos, junto carregam uma sacola com dinheiro. De carro pelas ruas da cidade, os assaltantes seguem até ao aeroporto, onde um pequeno avião já estava preparado para a fuga.
Finalmente às 16h10min, 145 horas depois que começou, termina o assalto ao banco do Brasil em Goioerê. Os assaltantes saíram levando o que queriam: dinheiro, armas e dois reféns.
Mais tarde descobre-se que irmã Letícia, a freira que foi trocada por reféns e virou heroína não era mais freira quando ajudou a por fim no seqüestro. Na verdade ela se chamava Salete Maria Vieira e havia sido afastada da igreja havia cinco anos, por comportamento incompatível com o estilo de vida religioso. Outro fato curioso foi durante a visita do Papa João Paulo 2º ao Brasil em outubro de 1991 quando a falsa For. Salete furou a segurança do Palácio do Planalto e se aproximou do papa e do presidente. Ajoelhou-se diante deles e ganhou a bênção.
O assalto perdurou por dias e muitos erros foram cometidos; causando constrangimentos à polícia paranaense. Em Curitiba, o então Comandante da Companhia de Polícia de Choque, Major Valter Wiltemburg Pontes, oficial veterano do Corpo de Operações Especiais, se dirigiu ao Comandante de Policiamento da Capital, Coronel Wilson Odirley Valla, solicitando apoio para criar um pelotão de Operações Especiais semelhante à SWAT estadunidense.
Após um período de treinamento e seleção, o pelotão foi ativado em 4 de julho de 1988; e recebeu a denominação de COE - Comandos e Operações Especiais, em homenagem ao antigo Corpo de Operações Especiais (1964 a 1976).

[editar] Geografia


A cidade de Goioerê.
Distrito
O Município possui o distrito de Jaracatiá afastado cerca de 2 km da cidade.
Área
Sua Área é de 564 km² representando 0.283 % do Estado, 0.1001 % da Região e 0.0066 % de todo o território brasileiro.
Localização
Goioerê esta localizado na região Centro-Oeste do estado do Paraná, próximo das cidades de Campo Mourão e Umuarama e esta à 530 km da capital Curitiba. Suas coordenadas geográficas são: Latitude 24 graus, 11 minutos e 06 segundos e Longitude 53 graus, 01 minuto e 40 segundos W-GR.
Relevo
O relevo apresenta-se ondulado, suavemente ondulado, em declividade constante no sentido nordeste-sudeste, onde toda a bacia do município deságua no rio Piquirí, na divisa com o município de Formosa do Oeste.
A sede se situa numa pequena colina entre o Ribeirão Água Branca e o Rio Água Bela.
Solo
O solo é constituído por pequena predominância de latossolo vermelho escuro destrófico, texturas argiloso misto, argiloso arenoso e ainda areno argiloso. Esta predominância ocorre na divisa com o município de Quarto Centenário e o distrito de Bandeirantes D’Oeste (a oeste). No leste, onde se localiza a sede e o distrito de Jaracatiá, ocorre numa área de menor percentagem a predominância do podezólico vermelho-amarelo, textura média. Em menor quantidades, encontramos terra roxa estrutura entrófico com percentagem de ocorrência de 4%.
Hidrografia
O subsistema hidrográfico do Município corre no sentido predominante Oeste. Os principais rios do município são: Piquiri, Água Bela, Água Branca, Caracol, Água do Limoeiro, Água Taquarí, Água do Lidio, Água do Xaxim e Água dos Macacos. Os principais córregos são: Farias, Chiqueiro, Venturini e Arroio Schimidt (nasce no meio da cidade).
Embora o Rio Goioerê tenha dado o nome ao município, hoje ele não banha mais o território pertencente ao município devido ao desmembramento dos então municípios de Mariluz, Moreira Sales e Janiópolis os quais são banhados pelo rio.
Clima
Clima subtropical úmido mesotérmico, com verões quentes e geadas pouco freqüentes, com tendência de concentração das chuvas nos meses de verão, sem estação seca definida. A média das temperaturas nos meses mais quentes é em torno de 29°C e a dos meses mais frios é inferior a 12°C.
Demografia
No ano de 1975 o município chegou ao seu auge populacional, quando o IBGE registrou uma população de 100.360 habitantes, isso graças principalmente ao cultivo do algodão, onde Goioerê passou a ser conhecida nacionalmente como a “Capital do Algodão Brasileiro”. Com o fim do plantio do algodão na década de 90 e com a emancipação de seus distritos, o município foi perdendo população, e hoje não passa dos 30.000 habitantes.
A região de Goioerê apresenta grande influência de imigrantes nordestinos que chegaram a Goioerê entre as décadas de 60 e 80, em busca de melhores condições de vida, onde passaram a trabalhar nas plantações de hortelã e em cafezais. Mais adiante partiram para a produção do algodão. Hoje, a cidade é, possivelmente, a mais nordestina do estado, carregando consigo um pouco da cultura e das tradições daquela região.
A presença nordestina é tamanha no município que, em 1991, um grupo de nordestinos criou o Centro de Tradições Nordestinas (CTN) que tem como finalidade cultivar as tradições, culturas e costumes nordestinos, além de promover a integração da grande população nordestina existente na região de Goioerê. No começo ele funcionou normalmente, mas nos dias atuais ele está praticamente desativado.

[editar] Economia


Plantação de soja, principal cultura do município.
A principal atividade econômica do município está alicerçada à agricultura e também no setor comercial. Possui algumas indústrias nos ramos Têxteis (Fiação Coamo, Tinturaria Sintex, Tecelagem Santa Maria, Unicotton, Cotton Malhas), Alimentícios (Zadimel, Trivial Salgados, Obuti, Café Peneira), Cosmético (HKZ Cosméticos), Moveleiro (Realme), de Amidos (Amitec)dentre outras.
No ramo do agronegócio possui as Cooperativas Coamo, Copacol, Integrada, C.Vale e Coopermibra. A antiga Coagel (Cooperativa Agroindustrial Goioerê Ltda)foi desativada e incorporada a Coamo através do arrendamento de suas indústrias e entrepostos.
Seu comércio é muito forte destacando-se nos ramos de roupas, móveis e eletro com a presença de lojas como: Charme Modas, Deck's Fashion, 775, Lokuka, Lojas Salfer, Colombo, Casas Pernambucanas, Manica Móveis, Lojas do Baú Crediário, Darom Móveis, G Dário Móveis, Maria Santa entre outras.
Destaca-se também no comércio de veículos, motos e implementos agrícolas com a presença: Volksvagem, Chevrolet, Ford, Fiat, Honda, Yamaha, Jhon Deere, Massey e várias revendas Multimarcas como: Damicar Veículos, Pedrinho Veículos, Multimarcas Veículos entre outras.

[editar] Política

Ex-prefeitos
  • FRANCISCO SCARPARI - 1956 - 1960
  • LADISLAU SCHICORSKI - 1961 - 1964
  • GIL MARQUES DE ALMEIDA  - 1965 - 1968
  • ALCYR ARAÚJO  - 1969- 1972
  • VICENTE MASSAHIRO OKAMOTO - 1973 - 1976
  • LUIZ KAMIDE - 1977 - 1982
  • VICENTE MASSAHIRO OKAMOTO - 1983 - 1988
  • FUAD KIFFURI  - 1989 - 1992
  • JOSE PAULO NOVAES - 1993 - 1996
  • VICENTE MASSAHIRO OKAMOTO - 1997 - 2000
  • ANTONIO BERNARDINO DE ENA NETO - 2001 - 2004
  • FUAD KIFFURI - 2005 - 2008
  • LUIZ ROBERTO COSTA - 2009  -  2012


Goioerê pátria.jpg
Os três Poderes
Goioerê é um dos únicos municípios brasileiros a possuir os prédios que sediam as três categorias do poder político, construídos um ao lado da outro. Em uma área de aproximadamente 11.800 m² dividida ao meio formando duas quadras, encontra-se a Prefeitura (Poder Executivo), a Câmara Municipal (Poder Legislativo) e o Fórum da Comarca (Poder Judiciário). Ainda no mesmo terreno, encontra-se construído o prédio do Fórum Eleitoral Des. Armando Jorge de Oliveira Carneiro e o prédio da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) – Subdivisão Goioerê.

 Infra estrutura

Aeroporto
O Aeroporto Manoel Ribas é um importante aeroporto na região. Hoje ele não opera com linhas regulares, somente opera com vôo particulares e de aeronaves agrícolas destinadas á aplicação de agrotóxicos nas propriedades rurais. Sendo cinco empresas de aplicação.
Estádio

Estádio Municipal Antonio Massareli.
O Estádio Municipal Antonio Massareli possui capacidade para 5000 pessoas, sendo um dos mais importantes da região.

O estádio já foi sede do time Grêmio Esportivo Recreativo Goio-Erê, campeão da segunda divisão do paranaense de 1990. Este foi o clube mais tradicional de Goioerê durante muitos anos, mas as dívidas do futebol profissional trouxeram problemas financeiros que abalaram a estrutura do mesmo. Hoje a cidade conta com outro time, o Sport Clube Goioerê, fundado em 20 de janeiro de 2005 ,disputa torneios amadores regionais.
Hotéis e restaurantes
Possui vários hotéis dentre os quais destacamos Daimaru Palace Hotel, Hotel Águas Claras, Hotel do Gaúcho e Lion Park Hotel.
Na área de alimentação possui resturantes de comidas Japonesas, Chinesas, Árabes, Massas, Lanches Rápidos e Churrascarias.
Parque de exposições
A Sociedade Rural de Goioerê foi fundada em 19 de novembro de 1985, e hoje é proprietária de um dos melhores parques de exposições do Paraná, com uma área de oito alqueires, onde se realiza a ExpoGoio e a Festa das Nações, que acontecem no mês agosto, por ocasião do aniversário da cidade.
Avenidas

Avenida Mauro Mori.
As principais vias urbanas de Goioerê são:
  • Avenida 19 de Agosto
  • Avenida Curitiba
  • Avenida Daniel Portela
  • Avenida Marinho Tavares
  • Avenida Mauro Mori
  • Avenida Moisés Lupion
  • Avenida Santos Dumont
  • Avenida Tiradentes
Bairros
  • Bairro Santa Casa
  • Centro
  • Conjunto Águas Claras I
  • Conjunto Águas Claras II
  • Conjunto Cidade Alta
  • Jardim Bela Vista - novo empreendimento
  • Jardim Colina Verde
  • Jardim Curitiba
  • Jardim Europa - novo empreendimento
  • Jardim Galiléia
  • Jardim Lindóia
  • Jardim Primavera
  • Jardim Santa Mônica
  • Jardim Tropical
  • Jardim Universitário
  • Jardim das Américas
  • Jardim Europa
  • Vila Guaíra
  • Vila Nossa Senhoras das Candeias
  • Parque Industrial
Aldeias SOS do Brasil
São 367 aldeias no Mundo em 126 países, 15 aldeias no Brasil em 10 estados a única no Paraná é em Goioerê.
Agências bancárias
Rodovias
Cruzam o município as seguintes rodovias:
  • PR-472 Trecho Goioerê - Rancho Alegre d'Oeste: 16,3 km;
  • BR-272 Trecho Goioerê - Campo Mourão;
  • PR-180 Trecho Goioerê - Quarto Centenário: 12,7 km.
  • PR-180 Trecho Goioerê - Moreira Sales

[editar] Saúde

Possui a Santa Casa de Misericórdia Maria Antonieta Scarpari que é um dos mais importantes hospitais da Região, atende aos municípios que compoem a região de Campo Mourão, sendo os principais: Moreira Sales, Rancho Alegre do Oeste, Juranda, Ubiratã, Quarto Centenário, Mariluz, Janiópolis entre outras cidades circunvizinhas.
Possui mini-postos de saúde nos bairros: Nossa Senhora das Candeias, Jardim Primavera, Santa Casa, Vila Guaíra e Jardim Universitário. O Distrito de Jaratiá também conta com um mini-posto.
E também o Hospital Santa Maria, que junto com a Santa Casa atende a todos os municípios.
O Pronto Atendimento Municipal sendo o único da região abrangendo vários municípios.

[editar] Educação

[editar] Escolas públicas

Educação infantil
  • Centro de Educação Infantil Mundo Encantado
  • Centro de Educação Infantil Recanto Feliz
  • Centro de Educação Infantil Maria Zilda Barbosa
  • Centro de Educação Infantil Menino Jesus
  • Centro de Educação Infantil Nossa Senhora das Candeias
Ensino fundamental
  • Escola Estadual Jardim Universitário;
  • Escola Estadual Ribeiro de Campos;
  • Escola Municipal Ladislau Schicorki;
  • Escola Municipal Onive dos Santos.
  • Escola Municipal Cecília Meirelles
  • Escola Municipal Monteiro Lobato
  • Escola Municipal José Jesus Cavalcante
  • Escola Municipal Jardim Primavera
Ensino médio
  • Colégio Estadual Duque de Caxias Ensino Médio;
  • Colégio Estadual Polivalente de Goioerê Ensino Fundamental e Médio - Premem I;
  • Colégio Estadual Vila Guaíra Ensino Fundamental e Médio;
  • Colégio Estadual Antonio Lacerda Braga Ensino Fundamental e Médio - Premem II;
  • Colegio Estadual Maria Antonieta Scarpari CEEBEJA;
  • CEEBJA Goioerê - Centro Estadual de Educação Básica de Jovens e Adultos.

 Escolas particulares

A cidade possui quatro escolas particulares:
  • Novo Mundo (ensino médio);
  • Mundo Mágico (pré-escolar e ensino fundamental);
  • Século XXI (pré-escolar, ensino fundamental e ensino médio);
  • Escola Adventista (educação infantil e ensino fundamental)

 Ensino profissionalizante

  • Magistério - Colégio Estadual Duque de Caxias
  • Técnico em Administração - Colégio Estadual Polivalente de Goioerê - PREMEN I
  • Técnico em Enfermagem - Colégio Estadual Polivalente de Goioerê - PREMEN I
  • Técnico em Contabilidade - Colégio Estadual Antônio Lacerda Braga - PREMEN II
  • Técnico em Informática - Colégio Estdual Antônio Lacerda Braga - PREMEN II
Possui a Escola Municipal de Artes e Ofícios, que oferece cursos dos mais variados, garantindo a profissionalização do pessoal para o mercado de trabalho.

 Ensino Superior

UEM-CRG

Entrada do Campus Regional de Goioerê.
A cidade sedia o Campus Regional de Goioerê que é uma extensão da Universidade Estadual de Maringá, que foi criado em Goioerê no dia 10 de agosto de 1991, um importante campus acadêmico que abriga quatro cursos presenciais:
  • Engenharia de Produção - Noturno
  • Engenharia Têxtil - Integral
  • Física (licenciatura) - Noturno
  • Licenciatura Plena em Ciências - Noturno
Cursos EAD-UEM:
  • Administração Pública
  • Ciências Biológicas (licenciatura)
  • Física (licenciatura)
  • Pedagogia (licenciatura)

Na modalidade de educação a distância, o Campus Regional de Goioerê mantêm os cursos de graduação em Pedagogia, Licenciatura em Ciências Biológicas e História, esses dois últimos através da Unicentro (Universidade do Centro-Oeste), com sede em Guarapuava-PR, além do curso de Letras - Português e Espanhol através da UEPG (Univesidade de Ponta Grossa). O Campus Regional de Goioerê vem sendo tratado como um importante pólo de educação a distância, proporcionando à centenas de pessoas a possibilidade de cursarem o ensino superior, com qualidade e gratuidade.
Faculdade Dom Bosco
A cidade também possui a Faculdade Dom Bosco com sua sede localizada no Jardim Curitiba, oferecendo dois cursos de graduação presenciais:
  • Administração - Noturno
  • Pedagogia (licenciatura) - Noturno

 Ensino a Distância

A cidade possui pólos de ensino a distância:
  • CESUMAR (Administração, Pedagogia, Tecnologia em Agronegócio, Tecnologia em Gestão de Recursos Humanos, Tecnologia em Gestão Comercial, Tecnologia em Gestão Financeira, Tecnologia em Processos Gerenciais, Tecnologia em Negócios Imobiliários)
  • UNINTER (Pedagogia,Tecnologia em Comércio Exterior, Tecnologia em Processo Gerenciais, Tecnologia em Gestão Financeira, Tecnologia em Gestão da Produção Industrial, Tecnologia em Gestão Pública, Tecnologia em Logística, Tecnologia em Marketing, Tecnologia em Secretariado)
  • UNIP (Administração, Ciencias Contábeis, Letras Port/Ingles, Letras Port/Espanhol, Matemática, Pedagogia, Serviço Social, Tecnologia em Logistica, Tecnologia em Marketing, Tecnologia em Processos Gerenciais, Tecnologia em Gestão de Recursos Humanos, Tecnologia em Gestão Financeira, Tecnologia em Gestão da Tecnologia da Informação)
  • UNIFACS (Administração, Ciencias Contábeis, Comunicação e Marketing, Letras, Pedagogia, Serviço Social, Sistemas de Informações, Tecnologia em Gestão Comercial, Tecnologia em Negócios Imobiliários)

 Cultura

Possui a Biblioteca Municipal que conta com um acervo de mais de 18 mil livros.
A Casa da Cultura promove também a ministração de diversos cursos, bem como a realização de mostras de artes tanto regional como estadual. Goioerê possui Banda Municipal e também a Fanfarra Municipal.

Festa do leitão maturado.

 Prato típico

O prato típico do município é o leitão maturado, criado por Roque Ademir Karoleski, foi oficializado em 11 de maio de 2003. De acordo com seu criador, o prato surgiu por acaso, o que era para ser um porco defumado, passou a ser um assado, ou seja, o leitão maturado. Karoleski, que é catarinense, conta que desde menino aprendeu a fazer defumados e quando veio para Goioerê manteve o hábito para o consumo da família e de amigos. Para o preparo dos defumados, ele contava com o auxílio do amigo e vizinho Cláudio Buralli, que lhe fornecia sabugos de milho (que produzem fumaça branca, deixando os defumados com aparência mais bonita).

 Esporte

Festival Vida Verão

um dos maiores eventos esportivos e culturais da região, realizado todo ano na Praça dos Nordestinos. Reunindo atletas de toda região que disputam diversas modalidades, como futebol, vôlei e handebol de areia, basquete de asfalto, karatê e dirt-jump. Também ocorre apresentações artísticas.

 Lazer e turismo


Fonte luminosa da Praça Luigi de Paoli em Goioerê.
Tem como principais pontos turísticos e de lazer:
Fonte Luminosa, localizada na Praça Luigi de Paoli que na época de natal se torna um grande ponto turístico da região devido aos efeitos luminosos, sonoros e dos movimentos da água.
Igreja Matriz Nossa Senhora das Candeias, com seus vitrais que contam um pouco da historia de Jesus Cristo e sua torre de mais de 25 m que no natal ganha decoração especial.
Parque do Povo, um complexo que possui quadra poliesportiva, campo de suiço, quadra de areia, parque infantil, pista de caminhada e um moderno Centro de Convenções.
Praça dos Nordestinos, posssui quadras de areia, de basquete e parque infantil.
Parque Ecológico, com trilhas na mata e animais.
Goioerê Clube de Campo Ambiente de lazer que conta com piscinas, quadras poli-esportivas, campos de futebol, Lago, quiosques com Churrasqueiras, Salão de festas e eventos, etc.

 Meios de comunicação

Jornais
  • Tribuna da Região
  • Gazeta Regional
  • GoioNews
Operadoras de telefone fixo
  • OI
  • GVT (em breve)
Operadoras de telefone celular
  • Vivo
  • TIM
  • Claro
  • OI
Emissoras de TV aberta
Goioerê não é sede de nenhuma emissora de televisão, possuindo apenas retramissoras de TV.
Rádios
A cidade possui três emissoras de rádios, duas emissoras FM e uma AM.






MUSEU





A região onde está localizado o município de Goioerê é conhecida desde o século XVI contudo, somente na década de 1950 é que o povoamento e a exploração se efetivaram.
O município de Goioerê, localizado no Estado do Paraná, dista 403,1 km da capital e pertence a mesorregião Centro Ocidental Paranaense. Teve sua instalação no ano de 1955, e no ano 2000 contava com uma população de 29.750 habitantes, conforme dados do Censo Demográfico (IBGE, 2000).
Entre 1991 e 2000 a população teve uma taxa média de crescimento anual negativa, igual a –1,60%. Nesse mesmo período, houve diminuição da população rural e da urbana e aumento da taxa de urbanização.
Os indicadores de renda, pobreza e desigualdade mostram que no período de 1991 e 2000 a renda per capita média do município de Goioerê cresceu 15,39%. Os dados indicam, ainda, um crescimento da desigualdade social (IPEA, 2000).
De relevo suavemente ondulado, o município conta com uma área de 495,1 km2. Os rios Água Branca e Água Bela e o arroio Shimidt, pertencentes a grande bacia hidrográfica do rio Piquiri, são os principais canais fluviais do município. O perímetro urbano se encontra
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localizado principalmente nas proximidades do arroio Shimidt, subafluente do rio Água Bela. Em suas margens encontramos a área em que a degradação ambiental é mais crítica.
Não há vegetação típica de mata ciliar nas margens do arroio Shimidt, mas inúmeras tubulações podem ser observadas no degradado leito fluvial. As vias de escoamento de afluentes tóxicos clandestinos contribuem para o agravamento da poluição do curso de água que recebe dejetos líquidos e sólidos da cidade. O município não conta com tratamento de resíduos de origem doméstica e industrial.
A Floresta Estacional Semidecidual Submontana é a vegetação natural original da região, cujas espécies típicas dos estratos mais altos (com 25 a 35 metros) são: o tamboril, a guarita, a peroba. No extrato arbóreo há ocorrência de cedro-roxo, alecrim, cangerana, palmito entre outras.
Em 1997, o município contava com 3% da vegetação original, floresta tropical (área com aproximadamente 3.800 hectares), e 600 hectares de reflorestamento, principalmente, eucaliptos e grevilhas, em áreas comprometidas pela erosão (CAZULA, 1997, p.12).
No ano de 1992 houve o início de um processo de recuperação ambiental da área do arroio Shimidt, empreendida pela administração Municipal da Prefeitura de Goioerê. Entretanto, a canalização proposta pelo projeto não foi concluída por problemas entre a administração municipal e a empresa vencedora da licitação que realizaria o empreendimento de reurbanização. Em 1997, o projeto foi retomado e, no mesmo ano, reiniciaram os trabalhos de canalização, ainda não concluídos até o ano de 2004.

Coleta dos depoimentos

No ano de 2000 foram realizados os primeiros contatos com antigos moradores do município, ocasião em que foi definido o conjunto de depoentes: dezenove homens e duas mulheres, com idade entre 44 e 88 anos.
Com base em roteiro previamente elaborado, as entrevistas semi-diretivas foram realizadas de abril a junho de 2001. Segundo Oliveira (2001), a entrevista semi-diretiva não é inteiramente aberta nem encaminhada por um grande número de perguntas precisas, onde o entrevistador faz uso de uma série de perguntas guias as quais dispensam uma ordem específica para serem aplicadas. Nesse tipo de entrevista, o entrevistado tem liberdade para falar e as intervenções do pesquisador se limitam a algumas mediações no sentido de dar prosseguimento à narrativa.
Os depoimentos foram registrados em fitas cassete, e, posteriormente, transcritos na íntegra, cujo processo é denominado de transcrição absoluta (MEIHY, 1996).
Para construir a história da evolução das transformações da paisagem investigada, foi utilizada uma abordagem de História Oral Temática que, conforme Meihy (1996), aborda um assunto específico.
Diferente da história de vida, no depoimento são coletadas informações que só interessam ao pesquisador, ou seja, aqueles conhecimentos que estejam diretamente inseridos nos objetivos do trabalho. Embora a história de vida encerre um conjunto de depoimentos, há grandes diferenças entre ambos (QUEIROZ, 1988, p.22).
No caso da investigação em questão, o foco principal diz respeito à percepção da evolução da dinâmica da paisagem do município de Goioerê, por antigos moradores.
O roteiro das entrevistas com as questões que orientaram a coleta de depoimentos, está descrito a seguir:
1. Quando e qual motivo o(a) trouxe para a região?

Objetivo da questão: Identificar o período de chegada à região e conhecer os determinantes que condicionaram a vinda do(a) depoente ao município.
2. Como era a região, com respeito à fauna e flora, quando o(a) senhor(a) chegou aqui?

Objetivo da questão: Resgatar informações dos componentes da fauna e da flora, que ficaram registrados na memória dos moradores.
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3. Como eram os rios?

Objetivo da questão: Compreender as transformações resultantes dos impactos negativos da ação antrópica nos cursos d´água da região.
4. O Sr(a) gostaria de comentar algo mais a respeito da sua história aqui em Goioerê ?

Objetivo da questão: Resgatar a rememoração de fatos significativos para os depoentes.
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RESULTADOS E DISCUSSÃO
A análise dos depoimentos revelou que o fator responsável pelo deslocamento dos entrevistados de sua região de origem para o município de Goioerê, nos anos de 1950 e 1960, foi a busca de trabalho. Estes antigos moradores vieram, principalmente, do Estado de São Paulo e da Região nordeste, em especial do Ceará e de Pernambuco, para desenvolver atividades tanto no meio rural como no urbano. Um grupo veio atraído pela oferta de trabalho no meio rural, em decorrência de grande quantidade de terras férteis a preços acessíveis. Alguns se instalaram como proprietários de terras, outros como empregados em fazendas. Os depoimentos transcritos abaixo são ilustrativos das rememorações desses depoentes.
Nós soubemos da região porque meu tio, na década de 51 e 52, trabalhava com caminhão. Ele trazia mercadoria lá de São Paulo – Marília, pra fazenda Tropical, pra frente de Moreira Sales. Então estava abrindo a fazenda na época, a fazenda era do professor Wiles, e, por intermédio do meu tio, meu pai arrumou serviço e nós viemos pra cá, foi em 52 [...] nós viemos em oito famílias, num caminhão, só viemos com a mala mesmo [...]. (Proprietário de terras, 60 anos)
Isso aqui eu fiquei sabendo, porque nós morávamos no Estado de São Paulo, um vizinho nosso que tinha uma propriedade aqui e quis vender pra nós e nós viemos ver e compramos [...] Goioerê não era um município naquele tempo [...] isso daqui pertencia tudo ao município de Campo Mourão, aí nós viemos pra cá, depois em 55 fizeram o plebiscito daí que passou a ser município, daí que Goioerê ficou conhecido. (Proprietário de terras, 70 anos)
Eu vim do Ceará para São Paulo, não deu certo [...] em Santos encontrei um Senhor com uma mala, e perguntei para onde ele ia. E ele disse: eu estou voltando para o Paraná, onde eu ganhei um bom dinheiro [...] eu disse: homem, pelo amor de Deus, dá um jeito para me levar [...] não tenho dinheiro, não tenho onde comer, não tenho nada [...] Se você quiser ir, só que o serviço é formar cafezal, é uma fazenda de um turco, e tem um formador que é pernambucano, gente muito boa, e o trabalho não é pesado, você trabalha de empreita, come bem. Eu disse: é disso que eu preciso, rapaz ! (Empregado de fazenda, 68 anos)
Um outro grupo, fixou-se no município para trabalhar com atividades ligadas ao meio urbano, como o comércio e os serviços públicos, como atestam alguns relatos abaixo.
[...] .ai eu tenho que começar mais ou menos de 1958, naquele ano eu morava em Peabiru e em 1959, um ano depois os meus ex-patrões [...] abriram uma filial aqui em Goioerê, ramo de tecidos, calçados, chapéus, armarinhos, etc., e eles exigiram que eu viesse ajudar na inauguração de nova loja e eu vim. Quando foi um ano depois em 1960, as casas Pernambucanas abriu uma filial aqui em Goioerê, ainda era tábua, mas todas as casas eram de tábua, e eu tinha muita facilidade de conversar, daí os patrões acharam melhor trazer eu para ser o segundo gerente da loja porque o anterior não era bom, não tinha papo, daí eu vim ser gerente aqui em julho de 1960 [...]. (Comerciante e funcionário público municipal, 88 anos)
Eu era policial militar e me transferiram para cá, eu era telegrafista e naquele tempo usava muito o rádio, o telégrafo, não tinha nem luz aqui. Eu fui o primeiro sargento da polícia, eu era sargento do curso, era sargento no exército e de lá vim para o Paraná [...] eu vim sozinho, casei aqui em Goioerê, casei em março de 1964, o tempo da revolução [...]. (Sargento de polícia, 73 anos)
A gente morava no Estado de São Paulo, daí naquela loucura pelo café, eles vieram para cá [...] no intuito de abrir sítio para plantação de café [...] meu pai veio pra cá, mais ou menos, em 1952, e eu mesma vim em 1960, eu fiquei no Estado de São Paulo estudando, pra depois eu vir pra cá trabalhar; naquela época era muito difícil ter professor, então eu vim pra dar aula. (Professor, 61 anos)
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As rememorações estão repletas de lembranças de um período em que os elementos naturais eram exuberantes e a paisagem era muito diferente da atual. As lembranças de derrubada da vegetação natural para o cultivo do café são recorrentes, principalmente, para aqueles cujas famílias adquiriram terras na região ou viviam do trabalho agrícola. Nas narrativas há a descrição de espécies vegetais encontrados em grande quantidade no local, principalmente nas décadas de 1950 e 1960. Tais questões podem ser verificadas na narrativa abaixo.
[...] era tudo matão mesmo. As madeiras de lei, você fala né ? Bom primeiro lugar tinha peroba, tinha marfim, gurucaia, cedro. Aí tinha diversas madeiras de lei, mas as mais eram essas. Ah ! A tangerana. E tinha os palmitos que eram os fortes. O forte aqui era o palmito, daí o palmiteiro entrava, e conforme você ia derrubando, você comprava o lote e você ia derrubar cinco alqueires e, então, você vinha aqui na cidade e tinha um cara que comprava os palmitos [...] em 78 ainda tinha um pouco de mato, mas quando foi com mais uns quatro ou cinco anos, em 1982/1983 já não tinha mais nada. (Proprietário de terras, 60 anos)
Nas narrativas aparecem, ainda, menções sobre diversas espécies animais, como macaco, gato do mato, veado, onça e de aves, como o tucano, nambu, pica-pau, entre outros. Os moradores atestam que muitas destas espécies diminuíram sua população, inclusive, algumas desapareceram, com o crescente processo de desenvolvimento urbano e agrícola da região. Suas falas denotam, ainda, que parte da perda da diversidade faunística é decorrente da ação direta do homem, por meio da caça, que era uma atividade corriqueira na época.
[...] A capivara naquele tempo tinha bastante também, mas o que mais tinha era a cutia, aquilo andava de bando mesmo, cutia no meio dos cafezais, a gente pegava na mão porque tinha bastante mesmo, a cutia e a paca, então o veado devia ter bastante também, mas era um bicho mais arisco, a onça também tinha, bom eu acho que em 53, por aí [...]. (Proprietário de terras, 88 anos)
[...] tinha tucanos, papagaios, não muitos papagaios, mas tinha gralhas, pica-pau, pássaros de muitas espécies, não esses raros que existem na bacia amazônica não, mas pássaro tinha nambu, tucano, jacu [...] a gente matava muitos tucanos com espingardas, a gente saia passarinhar como dizia, com espingardinha e matava muitos tucanos, muitos nambus. (Empregado de fazenda, 70 anos)
[...] aqui onde é a associação do Banco do Brasil, um compadre meu matou uma onça de 12 palmos de comprimento, nós tínhamos, bastante porcos e ele todo dia vinha, cada dois, três dias vinha e carregava um porco, um dia um cachorrinho atocaiou ela, ela trepou num pau e eles mataram [...]cateto, veado, essas coisas, aqui era direto [...]. (Empreiteiro de terras, 72 anos)
[...] os pássaros que tinha bastante aqui, era o Uru, Jacu. Naquele tempo, Jacu tinha demais [...] ah ! o pássaro preto que hoje está em extinção. Na época aqui se você plantasse uma rocinha de arroz tinha que ficar cuidando e hoje não existe o pássaro preto. Hoje é a pombinha e o chupim, naquela época não existia pomba aqui, a pomba é [...], uma ave, que gosta de lugar aberto [...] Uma vez, uma peãozada, tinha uns cem peões, dois deles pegaram duas winchester e mataram em média de 100 a 120 Jacus numa noite [...] daí nós fomos comer Jacu de tudo quanto foi tipo: assado, cozido, frito, [...] (Proprietário de terras, 60 anos)
Em alguns relatos, como pode ser observado abaixo, é possível perceber que os depoentes compreendem perfeitamente a dimensão dos impactos nos cursos d’água, em decorrência do despejo de esgotos, do uso indiscriminado de agrotóxicos e do manejo agrícola inadequado, que tem provocado a poluição e o assoreamento dos rios e riachos da região. A perda da qualidade da água é enfatizada pela maioria dos depoentes, que rememoram o tempo em que era possível beber água diretamente dos rios, nadar e pescar em águas limpas e cristalinas.
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[...] este aqui que vocês conhecem, que é o arroio Schimidt, [...] não era grande, era mais ou menos, ultimamente devido esse serviço de trator nas terras [...] a chuva vem e vai carregando as terras e vão aterrando os rios e vai diminuindo, é o que aconteceu, vai se acabando [...] a água era bem limpinha, se tivesse peixe você via [...] o Água Grande que passava um pedaço no meu sítio, ali o povo ia bastante tomar banho, [...] as pessoas pescavam, caçavam, muitas pessoas no fim de semana pegavam jipe e saiam pescar, caçar. (Alfaiate, 73 anos)
Se a água era limpa? Ave Maria, era um azeite ! Não tinha fundura que você olhasse e não via lá embaixo, agora você vê as terras tudo mecanizada, até nas beiras dos rios, passado veneno, dá uma chuva, aquela terra roxa cai tudo lá dentro do rio. (Comerciário e proprietário de terras, 75 anos)
[...] esses rios, essa Água Branca, eu tomei muito banho ali, a gente via todo peixe que passava [...] naquele tempo não tinha poluição, as margens dos rios tinha mata virgem, era tudo saudável, que você enxergava areia embaixo, as pedrinhas e tudo, hoje você chega é uma água escura, você não enxerga nada do que está passando lá dentro, então mudou muito. Inclusive naquela época a gente bebia do próprio rio, tinha muitas minas nos barrancos. (Empregado de armazém em fazenda, 72 anos)
Apesar de muitos depoimentos revelarem uma certa nostalgia com relação à paisagem e às vivências de outrora, muitas falas denotam, ora implícita, ora explicitamente, certas ambigüidades, entre os benefícios da melhoria da infraestrutura urbana e rural e a degradação dos recursos naturais, decorrentes das transformações do processo de desenvolvimento econômico e social da região.
Aquele rio lá embaixo era tudo largado, bem desmanzelado. Até meu pai falava que a gente tinha vindo para um lugar muito feio. Agora parece que está melhorando. Estão arrumando, estão asfaltando lá embaixo. Quando eu morava lá não tinha nada de asfalto, minha casa ficava numa lama danada. Depois que asfaltaram eu acho bonito [...]. (Dona de casa, 80 anos)
[...] Goioerê tinha um movimento direto, era pra ser melhor hoje do que Campo Mourão e Umuarama, era pra ser bem melhor, porque o movimento aqui era forte e a região era boa mesmo. Mas veio os prefeitos, entraram e começaram a segurar, um segura de cá outro de lá, as indústrias foram saindo pra fora [...]. (Empreiteiro de terras, 72 anos)
E o que realmente traz saudades é a parte da tradição, do começo de tudo, do andar de carroça. Hoje isso acabou, a gente vinha pra escola a pé descalço e hoje as coisas mudaram bastante com o advento da televisão. (Proprietário de terras, 44 anos)
Quando cheguei aqui a gente não tinha energia elétrica [...] Depois das 10 era de motor que era uma luz fraquinha que dava medo até de andar na rua, sabe? [...] não era em toda a cidade que tinha energia era só no centro mesmo.[...] Eu mesmo, quando me casei, fui morar numa casa [...] que não tinha energia. Chegava até na esquina e não chegava na minha casa do outro lado. É algo que acho muito interessante porque hoje na zona rural já tem energia elétrica [...]. (Comerciário e proprietário de terras, 75 anos)
[...] Eu vim pra cá porque precisava muito de professor, não tinha, depois começou a aparecer, e hoje, graças a Deus, tem até faculdade aqui. Da época que eu cheguei, hoje Goioerê está maravilhosa, depois desses 41 anos. (Professor, 61 anos)
[..] o que fizeram com Goioerê é um crime, Goioerê sofreu demais, era pra ser uma das melhores cidades do Paraná, porque houve um tempo que o grupo Matarazzo chegou aqui para montar indústria [...] e negligenciaram a entrada dessa firma aqui [...] que produzi muita coisa: tecido, ferragem, máquina de óleo, uma infinidade de produtos na parte alimentar. (Alfaiate, 73 anos)
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O trabalho com os depoimentos possibilitou o registro das experiências guardadas na memória de antigos moradores, revelando atitudes e valores a respeito das transformações socioambientais ocorridas na paisagem da região de Goioerê.
As lembranças foram recorrentes, ao enfatizar a presença de uma mata original densa e rica, que foi gradativamente sendo substituída pela expansão da cultura cafeeira na região e, posteriormente, pelo processo de expansão urbana do município. Estas atividades trouxeram mudanças drásticas na estrutura da paisagem, como a degradação dos corpos d’água e a perda da biodiversidade faunística e florística, alterando toda a dinâmica do ecossistema local.
Nas narrativas foi possível observar consensos com relação ao valor e a importância do meio ambiente natural. Foram ressaltados, pela maioria dos depoentes, os valores estéticos, utilitários (lazer), ecológicos e econômicos da paisagem. A beleza das matas, o valor das madeiras de lei, o prazer de nadar e pescar em águas límpidas e a importância da mata como refúgio de diversos animais foram alguns dos aspectos mais valorizados nas lembranças dos depoentes.
Foi possível, ainda, detectar sentimentos e atitudes ambíguos com relação ao processo de desenvolvimento na região, ora representado como positivo, quando se referia à melhoria da infraestrutura urbana, como o fornecimento de energia elétrica, a pavimentação das ruas, a ampliação e especialização de serviços; ora como negativo, quando tratava da degradação dos recursos naturais, como as alterações qualitativas e quantitativas na composição da fauna e flora, o assoreamento e a poluição dos rios.
Entender estas transformações sociambientais exige uma compreensão maior sobre as verdadeiras ações e expectativas, ou seja, os valores e significados que os moradores atribuem à paisagem do município, tendo em vista toda a complexidade político e ideológica vigente na época, que privilegiava, sobretudo, o desenvolvimento econômico.
Espera-se com este trabalho, trazer ao universo das discussões, os valores, as percepções e as expectativas de moradores que vivenciaram e construíram a história de Goioerê, que quase sempre são desconsideradas nos planos e projetos de desenvolvimento da região.
O resgate das narrativas possibilitou a construção da história cotidiana dos antigos moradores, estabelecendo uma teia de relações em que o passado e presente, o local e global, se manifestam nas múltiplas realidades vividas.







COLONIZAÇÃO 


Em 1.949, Carlos Scarpari dirigiu-se a então já comentada região do Rio Goioerê, a fim de verificar pessoalmente a qualidade das terras e a possibilidade de estabelecer a posse das terras requeridas.

Naquela época, de Campo Mourão a p; Pinhalzinho (atual Janiópolis) se podia ir de jipe. Dali para frente só em lombo de burro e, foi o que Carlos Scarpari fez e abrindo picada na mata virgem, tomou a decisão de se estabelecer naquelas terras, pois outras melhores não poderiam existir. Ele extasiou-se diante da exuberância da mata, dos perobais, do palmital, da vegetação que evidenciava terra fértil e generosa. Era ali que ele iria formar a sua fazenda de café.

Após um longo trabalho político e administrativo, Francisco e Wladimir conseguiram obter, em 21 de abril de 1.950, as ordens de ocupação das terras da Gleba 12, 1a parte, Colônia Goioerê, com área de 1.200 alqueires.

Tão logo recebeu a notícia da concessão, Carlos Scarpari começou a preparar a ocupação das terras. Por intermédio de Pedro Parigot de Souza, Prefeito de Campo Mourão, foram contratados os serviços do engenheiro agrimensor Ladislau Trausinski, que foi o profissional a realizar a medição de terras nesta região.

Com o agrimensor contratado, iniciou--se a difícil peregrinação de reconhecimento das terras. Em Campo Mourão, Pedro Parigot e Francisco (Chico) Albuquerque, chefes políticos da época, deram decidido apoio a Carlos Scarpari, indicando inclusive, a pessoa de Marins Belo para assegurar a posse das terras.

Com fama de valente e, até truculento na opinião de alguns, Marins Belo era na realidade um homem destemido, ambicioso e leal aos amigos, mas que gostava de alardear, sem nenhuma modéstia, as suas façanhas.

Com a ordem de ocupação das terras, aa caravana formada, Carlos Scarpari se preparou para a primeira incursão no então chamado Sertão de Goioerê.


A ocupação

Iniciamos a penetração na mata a cavalo, seguindo com cargueiros e alguns utensílios pelo picadão existente. À beira de um riacho, que foi denominado Água Bela, fizemos o primeiro rancho. Preparamos uma roçada em volta para abrigar os animais e, alguns dias depois, iniciamos a derrubada da mata para o plantio do café. Marins Belo retornou a Campo Mourão para ajustar mais gente e, comprar mais ferramentas e alimentos . Logo no início dos serviços tivemos a primeira vítima: um trabalhador, derrubando o palmital, descuidou-se e uma árvore caiu sobre ele, provocando sua morte instantânea. Não conseguimos achar nenhum documento e ninguém no grupo o conhecia. Providenciamos a sua remoção em cargueiro para Pinhalzinho, onde foi sepultado. "Veja você, Wladimir, que caso trágico!".

O relato acima foi descrito por Carlos Scarpari em 12 de maio de 1.950, quando descreveu a Wladimir Scarpari as primeiras ações da colonização da região de Goioerê.

O pequeno rancho construído por Carlos Scarpari às margens do rio Água Bela logo se transformou em um acampamento que servia de pouso a todos os pioneiros que se dirigiam às várias glebas com ordens de ocupação liberadas naquela época. Os agrimensores Ladislau Trausinski, José Geraldo de Souza e o "Minho" faziam do acampamento seu ponto de reunião e trabalho. Em alguns meses a gleba estava demarcada e pronta à derrubada de parte da mata para o plantio de café.

No dia 23 de novembro de 1950, às 9 horas, Carlos Scarpari lançou na terra virgem a primeira semente de café de toda a região. O ato não representou apenas a formação de um cafezal pioneiro, mas também o marco pioneiro inicial do progresso e da riqueza e uma região promissora.

Foram testemunhas do plantio das primeiras sementes de café os pioneiros Marins Belo, Marinho Tavares, Joaquim Fuentes, Romero Munis, Genecy Ribeiro, Antonio Teixeira Júnior, Ricardo Moreno e todos os trabalhadores em serviço.

Com a primeira plantação de café e a instalação de ranchos nos diversos pontos da gleba, conseguia-se atendimento as exigências do Estado para a emissão dos títulos de domínio (cultura efetiva e moradia habitual).

Localizado em ponto estratégico, o acampamento da Fazenda Scarpari era o ponto de parada obrigatória por todos que buscavam a região e o movimento era constante.


Ameaças dos Invasores

A demarcação das terras, implantação do cafezal e a construção dos ranchos atendia às exigências do Estado, mas não garantiam que estas posses e outras localizadas mais ao fundo do sertão, do lado dos rios Piquiri e Água Branca seriam transformadas em "pleno domínio".

Aventureiros de vários lugares, especuladores imobiliários, protegidos quase sempre por políticos inescrupulosos, conseguiam obter ordens de localização para os mesmos lugares onde já existiam posses e, pela força aterrorizavam e expulsavam os ocupantes de boa fé.

O registro de mortes estúpidas, provocadas por pistoleiros contratados não eram difíceis de acontecer. Na região de Goioerê não foi diferente. O pequeno acampamento às margens do riacho Água Bela estava localizado em lugar estratégico, junto às precárias estradas abertas nas divisas das glebas que demandavam ao Rio Piquiri e ao Rio Água Branca. Desta forma, o caminho para todas as glebas em fase de ocupação passava necessariamente pelo acampamento.

Certa ocasião apareceram alguns aventureiros acompanhados de agrimensores e cerca de 40 trabalhadores, insistiam em se apossar de parte das terras e seguir adiante, demarcando outras posses de agricultores, num total de aproximadamente 25 mil alqueires, buscando ocupar todas as posses legítimas dos primeiros pioneiros.

A reação de Carlos Scarpari, diante da ameaça, foi imediata. Ele armou alguns homens e impediu o grupo de atravessar o rio Água Bela.

O clima ficou tenso na região e inconformados dos fatos, Pedro Parigot em Campo Mourão e, Wladimir Scarpari em Curitiba, fizeram ver as autoridades o perigo iminente de se estabelecer um conflito em uma região que estava tendo uma colonização pacífica e ordeira.

Com a intervenção da polícia de Campo Mourão e de um emissário do Departamento de Terras do Estado, os invasores foram deslocados para outro local.

Esta tentativa de invasão alertou a todos os pioneiros da região, inclusive os Moreira Salles, que estabeleciam suas posses do outro lado do rio Água Branca. Os pioneiros decidiram, então, a contratar Marins Belo para garantir todas as propriedades das glebas 12, 14 e outras. Foi graças a esta medida que se evitou novas tentativas de invasão e assegurou-se para a região uma colonização pacífica.

Nasce uma cidade

O primeiro cafezal implantado na Fazenda Scarpari vicejava a olhos vistos e impulsionados pelo entusiasmo de Carlos Scarpari, muitos agricultores da região Noroeste de São Paulo também vieram para a região a fim de conquistar seu quinhão de terra, entre eles Otávio Batista Pereira, Ranulfo Quintino, Antonio Moulin, João de Oliveira Dias, Marinho Tavares, Piza de Toledo, Paulo Novak e muitos outros.

Em 1.951 foram tituladas muitas glebas na região de Goioerê entre elas a dos Scarpari, com 1.200 alqueires, que foi registrada no dia 21 de janeiro de 1.951. Nesta época o acampamento já crescia e até mesmo uma pequena casa de madeira que serviria de sede da Fazenda, foi construída.

A população aumentava e também as dificuldades para se adquirir gêneros alimentícios e ferramentas , já que dependia de Campo Mourão para tudo.

Diante desta situação Carlos Scarpari começou a alimentar o sonho de formar uma cidade . Não um lugarejo ou uma vila, mas uma cidade de verdade.

O sonho não demorou para ser colocado em prática. No dia 29 de novembro de 1.951 era publicado no Diário Oficial do Estado o edital para o registro da planta do Patrimônio Goioerê, de propriedade da Sociedade Imobiliária do Oeste Paulista, da qual eram sócios Carlos Francisco e Wladimir Scarpari.

Conscientes que não podiam lançar uma cidade apenas para especulação imobiliária, como havia muitas na época, os três pioneiros resolveram ampliar o negócio e constituíram a Sociedade Imobiliária Terraplanagem Goioerê, tendo como sócio os pioneiros, mais Mansueto Serafini, que trabalhava com Wladimir Scarpari.

Em fevereiro de 1.952 máquinas de terraplanagem faziam a abertura das ruas da cidade de Goioerê, a partir do marco inicial, onde hoje esta localizado o Posto Esso.

No projeto já foram definidos os nomes das ruas, escolhidos por Carlos Scarpari, homenageando os primeiros pioneiros que entraram no sertão , inclusive o agrimensor Landislau Trausinsk, que faleceu logo após ter concluída a medição da gleba.


Pioneiros da cidade

Casa Castilho primeira Casa de Comercio de Goioerê.JPG.
Corria o ano de 1.952. A implantação de infra-estrutura prosseguia rapidamente, a iluminação elétrica, precária a princípio, era fornecida por um grupo de gerador a gasolina, instalado no hotel de madeira recém construído, e distribuía energia para a rede de iluminação da avenida Moisés Lupion no período das 20:00 às 24:00 horas.

A empresa colonizadora vendia os lotes urbanos em prestações em longo prazo, facilitando enormemente as condições para as pessoas que procuravam se instalar no comércio, pequenas industrias ou oficinas, chegando a doar os terrenos, diante do compromisso de se acelerar a instalação do estabelecimento.

A primeira serraria foi instalada por Henrique Schimidt, que foi influenciado por Carlos Scarpari, que algum tempo depois montaria a primeira olaria, às margens do riacho Água Bela, entregando sua administração a José das Dores, o "seo Dedé" e, logo surgiram as primeiras casa de alvenaria.

De Goioerê ao rio Piquiri a colonização foi feita por pessoas vindas do noroeste de São Paulo, que tinham recebido influência direta ou indiretamente de Carlos Scarpari. Do mesmo modo que trabalhadores, especializados ou não, se transferiram para Goioerê, atraídos por seu poder de persuasão ou mesmo contratado por ele.

A cidade cresceu

No ano de 1.953 foi criado o distrito de Goioerê, pertencente ao município de Campo Mourão, sendo que no mesmo ano foi instalado o primeiro cartório, tendo como oficial Luiz Gonçalves Pereira, que logo transferiu os direitos a Mauro Mori, que auxiliado por seu irmão Koiti Mori, consegue homologação definitiva para ser o titular deste tabelionato.

Koiti Mori desfrutava de grande influência junto à colônia japonesa em Londrina e pode se dizer que indiretamente foi um dos incentivadores da entrada dos primeiros japoneses e descendestes em Goioerê.

À medida que a cidade crescia, tornava-se mais urgente à melhoria das estradas e a abertura de outras. Não se podia esperar nenhuma medida do Governo de Estado, contava-se apenas com as providências de Prefeitura de Campo Mourão, cujo prefeito, Daniel Portela, apesar de boa vontade não dispunha de recursos para atender a um município tão extenso.

A estrada ligando Goioerê ao rio Piquiri foi feita aproveitando os picadões abertos pelos agrimensores nas divisas das glebas, mas ela era precária por atravessar muitas aguadas, o que impossibilitava o trafego no tempo de chuvas.

Consciente da importância da ligação com a região de Cascavel, os colonizadores determinaram a locação de uma nova estrada, passando pelos espigões e desviando o máximo das aguadas. Atravessando apenas a Água do Dez, a estrada foi aberta com grande trabalho e sacrifício. Havia trechos em que os tratores tinham de atravessar densas matas.

Foram 30 quilômetros de estradas que mudaram o destino da cidade, pois consolidou a posição como centro de uma região rica e produtiva. Para a construção da estrada muitos de terras colaboraram com uma cota de óleo diesel para auxiliar no custeio da obra. Eles entenderam o sacrifício que a empresa estava fazendo, pois sem possuir terras uma colonizadora, esta se portando como tal, construindo uma estrada que passava por terras que nem eram suas, com o objetivo de estimular o desenvolvimento de uma cidade.

Foi gratificante para os colonizadores verem o Departamento de Estrada de Rodagem (D.E.R) manteve o traçado original da estrada depois que assumiu a sua conservação e que o mesmo traçado foi mantido quando ela foi pavimentada (atual rodovia PR-180).

Goioerê crescia a olhos vistos e aos poucos as ruas iam ficando cheias de casas evidenciando que ali seria uma grande cidade.

Emancipação política


Primeiro predio da Prefeitura de Goioerê.
Ao mesmo tempo em que a cidade se desenvolvia, os colonizadores desenvolviam um trabalho de suma importância, que era o de atrair pequenos e médios agricultores para a região.

Dos 1.200 alqueires da família Scarpari, 150 foram destinados à cidade , 500 para as fazendas e os 550 alqueires restantes divididos em lotes de 5 a 10 alqueires, para venda. Essa tarefa de promover a venda e direcionar agricultores para Goioerê foi desenvolvida por Carlos Scarpari.

Nesta época, Francisco Scarpari executava um intenso trabalho de apoio ao desenvolvimento da cidade. Dedicava-se ativamente na construção da Primeira escola primária, da Delegacia de Polícia e do Novo Hotel. Wladimir Scarpari cuidava da parte administrativa, vendas e construção de estradas, abertura de ruas , campo de aviação e garantia a assistência técnica às maquinas. Mansueto Serafini, em Curitiba , colaborava com todo o processo, adquirindo materiais, providenciando projetos, inclusive modificações no projeto original do loteamento.

Goioerê era uma grande oficina de trabalho. O movimento comercial crescia em função das lavouras que se expandiam. A primeira safra de café dava novo ânimo aos agricultores e comerciantes.

As dificuldades, porém eram muitas e havia falta de tudo: escolas, hospitais, estradas, etc. Os poderes políticos nada faziam para amenizar a situação e começou a crescer o desejo da emancipação política.
O espírito comunitário e político começava a ganhar corpo em Goioerê. Dário Moreira Castilho constituiu o diretório do PTB e Francisco Scarpari fundou o PSD, que mais tarde viria a dar apoio maciço a eleição de Moisés Lupion para um segundo mandato como governador do Estado.

A emancipação política, contudo não foi fácil. Jaracatiá , então um pequeno povoado dentro da fazenda de Adão de Almeida, era administrado por João Lavadeira, político hábil, maneiroso, muito bem relacionado com deputados em Curitiba.

Lavadeira chegou a convencer um grupo de deputados que a sede do novo município deveria ser em Jaracatiá, que possuía na época não mais de 40 ou 50 casas.

Alertados sobre a situação, Wladimir e Francisco Scarpari fretaram um avião e tiraram fotografias aéreas das duas localidades. As fotografias foram levadas a Curitiba e ajudaram a convencer os deputados sobre o absurdo que estavam prestes a cometer.

Conseguiu-se assim, finalmente, a aprovação da lei que criava o município de Goioerê, que foi promulgada no dia 10 de agosto de 1.955.

Na primeira eleição para prefeito Francisco Scarpari foi candidato único, pela coligação PTB/PSD, iniciando uma nova fase na história de Goioerê.

Pioneirismo



No final da década de 1.940, as terras devolutas do Estado do Paraná foram colocadas à venda, em um processo de colonização que atraiu um grande contingente de agricultores e homens de negócios de todo o Brasil. Carlos Scarpari, fazendeiro em Lins - SP, pioneiro e desbravador daquela região, era um dos grandes entusiastas do novo Paraná e acabou influenciando o seu irmão mais velho, Francisco Scarpari, e, seu sobrinho Wladimir Antonio Neves Scarpari e, com isso eles requereram junto ao Governo do Estado do Paraná a concessão de uma gleba devoluta.
Em 1.949, Carlos Scarpari dirigiu-se a então já comentada região do Rio Goioerê, a fim de verificar pessoalmente a qualidade das terras e a possibilidade de estabelecer a posse das terras requeridas.
Naquela época, de Campo Mourão a p; Pinhalzinho (atual Janiópolis) se podia ir de jipe. Dali para frente só em lombo de burro e, foi o que Carlos Scarpari fez e abrindo picada na mata virgem, tomou a decisão de se estabelecer naquelas terras, pois outras melhores não poderiam existir. Ele extasiou-se diante da exuberância da mata, dos perobais, do palmital, da vegetação que evidenciava terra fértil e generosa. Era ali que ele iria formar a sua fazenda de café.

Inicio da derrubada da mata em Goioerê.
Após um longo trabalho político e administrativo, Francisco e Wladimir conseguiram obter, em 21 de abril de 1.950, as ordens de ocupação das terras da Gleba 12, 1a parte, Colônia Goioerê, com área de 1.200 alqueires.
Tão logo recebeu a notícia da concessão, Carlos Scarpari começou a preparar a ocupação das terras. Por intermédio de Pedro Parigot de Souza, Prefeito de Campo Mourão, foram contratados os serviços do engenheiro agrimensor Ladislau Trausinski, que foi o profissional a realizar a medição de terras nesta região.
Com o agrimensor contratado, iniciou--se a difícil peregrinação de reconhecimento das terras. Em Campo Mourão, Pedro Parigot e Francisco (Chico) Albuquerque, chefes políticos da época, deram decidido apoio a Carlos Scarpari, indicando inclusive, a pessoa de Marins Belo para assegurar a posse das terras.
Com fama de valente e, até truculento na opinião de alguns, Marins Belo era na realidade um homem destemido, ambicioso e leal aos amigos, mas que gostava de alardear, sem nenhuma modéstia, as suas façanhas.
Com a ordem de ocupação das terras, aa caravana formada, Carlos Scarpari se preparou para a primeira incursão no então chamado Sertão de Goioerê.

A ocupação


As clareiras na mata foram surgindo logo após a ocupação.
Iniciamos a penetração na mata a cavalo, seguindo com cargueiros e alguns utensílios pelo picadão existente. À beira de um riacho, que foi denominado Água Bela, fizemos o primeiro rancho. Preparamos uma roçada em volta para abrigar os animais e, alguns dias depois, iniciamos a derrubada da mata para o plantio do café. Marins Belo retornou a Campo Mourão para ajustar mais gente e, comprar mais ferramentas e alimentos . Logo no início dos serviços tivemos a primeira vítima: um trabalhador, derrubando o palmital, descuidou-se e uma árvore caiu sobre ele, provocando sua morte instantânea. Não conseguimos achar nenhum documento e ninguém no grupo o conhecia. Providenciamos a sua remoção em cargueiro para Pinhalzinho, onde foi sepultado. "Veja você, Wladimir, que caso trágico!".
O relato acima foi descrito por Carlos Scarpari em 12 de maio de 1.950, quando descreveu a Wladimir Scarpari as primeiras ações da colonização da região de Goioerê.

Primeiro rancho.
O pequeno rancho construído por Carlos Scarpari às margens do rio Água Bela logo se transformou em um acampamento que servia de pouso a todos os pioneiros que se dirigiam às várias glebas com ordens de ocupação liberadas naquela época. Os agrimensores Ladislau Trausinski, José Geraldo de Souza e o "Minho" faziam do acampamento seu ponto de reunião e trabalho. Em alguns meses a gleba estava demarcada e pronta à derrubada de parte da mata para o plantio de café.
No dia 23 de novembro de 1950, às 9 horas, Carlos Scarpari lançou na terra virgem a primeira semente de café de toda a região. O ato não representou apenas a formação de um cafezal pioneiro, mas também o marco pioneiro inicial do progresso e da riqueza e uma região promissora.
Foram testemunhas do plantio das primeiras sementes de café os pioneiros Marins Belo, Marinho Tavares, Joaquim Fuentes, Romero Munis, Genecy Ribeiro, Antonio Teixeira Júnior, Ricardo Moreno e todos os trabalhadores em serviço.
Com a primeira plantação de café e a instalação de ranchos nos diversos pontos da gleba, conseguia-se atendimento as exigências do Estado para a emissão dos títulos de domínio (cultura efetiva e moradia habitual).
Localizado em ponto estratégico, o acampamento da Fazenda Scarpari era o ponto de parada obrigatória por todos que buscavam a região e o movimento era constante.

Ameaças dos Invasores

 
Enquanto havia conflitos pela posse da terra o cafezal florecia.
A demarcação das terras, implantação do cafezal e a construção dos ranchos atendia às exigências do Estado, mas não garantiam que estas posses e outras localizadas mais ao fundo do sertão, do lado dos rios Piquiri e Água Branca seriam transformadas em "pleno domínio".
Aventureiros de vários lugares, especuladores imobiliários, protegidos quase sempre por políticos inescrupulosos, conseguiam obter ordens de localização para os mesmos lugares onde já existiam posses e, pela força aterrorizavam e expulsavam os ocupantes de boa fé.
O registro de mortes estúpidas, provocadas por pistoleiros contratados não eram difíceis de acontecer. Na região de Goioerê não foi diferente. O pequeno acampamento às margens do riacho Água Bela estava localizado em lugar estratégico, junto às precárias estradas abertas nas divisas das glebas que demandavam ao Rio Piquiri e ao Rio Água Branca. Desta forma, o caminho para todas as glebas em fase de ocupação passava necessariamente pelo acampamento.
Certa ocasião apareceram alguns aventureiros acompanhados de agrimensores e cerca de 40 trabalhadores, insistiam em se apossar de parte das terras e seguir adiante, demarcando outras posses de agricultores, num total de aproximadamente 25 mil alqueires, buscando ocupar todas as posses legítimas dos primeiros pioneiros.
A reação de Carlos Scarpari, diante da ameaça, foi imediata. Ele armou alguns homens e impediu o grupo de atravessar o rio Água Bela.
O clima ficou tenso na região e inconformados dos fatos, Pedro Parigot em Campo Mourão e, Wladimir Scarpari em Curitiba, fizeram ver as autoridades o perigo iminente de se estabelecer um conflito em uma região que estava tendo uma colonização pacífica e ordeira.
Com a intervenção da polícia de Campo Mourão e de um emissário do Departamento de Terras do Estado, os invasores foram deslocados para outro local.
Esta tentativa de invasão alertou a todos os pioneiros da região, inclusive os Moreira Salles, que estabeleciam suas posses do outro lado do rio Água Branca. Os pioneiros decidiram, então, a contratar Marins Belo para garantir todas as propriedades das glebas 12, 14 e outras. Foi graças a esta medida que se evitou novas tentativas de invasão e assegurou-se para a região uma colonização pacífica.

Nasce uma cidade

 
Marco inicial do loteamento da cidade de Goioerê.
O primeiro cafezal implantado na Fazenda Scarpari vicejava a olhos vistos e impulsionados pelo entusiasmo de Carlos Scarpari, muitos agricultores da região Noroeste de São Paulo também vieram para a região a fim de conquistar seu quinhão de terra, entre eles Otávio Batista Pereira, Ranulfo Quintino, Antonio Moulin, João de Oliveira Dias, Marinho Tavares, Piza de Toledo, Paulo Novak e muitos outros.
Em 1.951 foram tituladas muitas glebas na região de Goioerê entre elas a dos Scarpari, com 1.200 alqueires, que foi registrada no dia 21 de janeiro de 1.951. Nesta época o acampamento já crescia e até mesmo uma pequena casa de madeira que serviria de sede da Fazenda, foi construída.
 
Abertura das primeiras ruas.
A população aumentava e também as dificuldades para se adquirir gêneros alimentícios e ferramentas , já que dependia de Campo Mourão para tudo.
Diante desta situação Carlos Scarpari começou a alimentar o sonho de formar uma cidade . Não um lugarejo ou uma vila, mas uma cidade de verdade.
 
Primeira casa construida em Goioerê.
O sonho não demorou para ser colocado em prática. No dia 29 de novembro de 1.951 era publicado no Diário Oficial do Estado o edital para o registro da planta do Patrimônio Goioerê, de propriedade da Sociedade Imobiliária do Oeste Paulista, da qual eram sócios Carlos Francisco e Wladimir Scarpari.
Conscientes que não podiam lançar uma cidade apenas para especulação imobiliária, como havia muitas na época, os três pioneiros resolveram ampliar o negócio e constituíram a Sociedade Imobiliária Terraplanagem Goioerê, tendo como sócio os pioneiros, mais Mansueto Serafini, que trabalhava com Wladimir Scarpari.
Em fevereiro de 1.952 máquinas de terraplanagem faziam a abertura das ruas da cidade de Goioerê, a partir do marco inicial, onde hoje esta localizado o Posto Esso.
No projeto já foram definidos os nomes das ruas, escolhidos por Carlos Scarpari, homenageando os primeiros pioneiros que entraram no sertão , inclusive o agrimensor Landislau Trausinsk, que faleceu logo após ter concluída a medição da gleba.

Pioneiros da cidade

 
Casa Castilho primeira Casa de Comercio de Goioerê.JPG.
Corria o ano de 1.952. A implantação de infra-estrutura prosseguia rapidamente, a iluminação elétrica, precária a princípio, era fornecida por um grupo de gerador a gasolina, instalado no hotel de madeira recém construído, e distribuía energia para a rede de iluminação da avenida Moisés Lupion no período das 20:00 às 24:00 horas.
A empresa colonizadora vendia os lotes urbanos em prestações em longo prazo, facilitando enormemente as condições para as pessoas que procuravam se instalar no comércio, pequenas industrias ou oficinas, chegando a doar os terrenos, diante do compromisso de se acelerar a instalação do estabelecimento.
 
Serraria Schimidt, a primeira de Goioerê.
A primeira serraria foi instalada por Henrique Schimidt, que foi influenciado por Carlos Scarpari, que algum tempo depois montaria a primeira olaria, às margens do riacho Água Bela, entregando sua administração a José das Dores, o "seo Dedé" e, logo surgiram as primeiras casa de alvenaria.
De Goioerê ao rio Piquiri a colonização foi feita por pessoas vindas do noroeste de São Paulo, que tinham recebido influência direta ou indiretamente de Carlos Scarpari. Do mesmo modo que trabalhadores, especializados ou não, se transferiram para Goioerê, atraídos por seu poder de persuasão ou mesmo contratado por ele.

A cidade cresceu

 
A Avenida Moisés Lupion em 1954.
No ano de 1.953 foi criado o distrito de Goioerê, pertencente ao município de Campo Mourão, sendo que no mesmo ano foi instalado o primeiro cartório, tendo como oficial Luiz Gonçalves Pereira, que logo transferiu os direitos a Mauro Mori, que auxiliado por seu irmão Koiti Mori, consegue homologação definitiva para ser o titular deste tabelionato.
Koiti Mori desfrutava de grande influência junto à colônia japonesa em Londrina e pode se dizer que indiretamente foi um dos incentivadores da entrada dos primeiros japoneses e descendestes em Goioerê.
 
Máquina usada para abertura de ruas e estradas.
À medida que a cidade crescia, tornava-se mais urgente à melhoria das estradas e a abertura de outras. Não se podia esperar nenhuma medida do Governo de Estado, contava-se apenas com as providências de Prefeitura de Campo Mourão, cujo prefeito, Daniel Portela, apesar de boa vontade não dispunha de recursos para atender a um município tão extenso.
A estrada ligando Goioerê ao rio Piquiri foi feita aproveitando os picadões abertos pelos agrimensores nas divisas das glebas, mas ela era precária por atravessar muitas aguadas, o que impossibilitava o trafego no tempo de chuvas.
Consciente da importância da ligação com a região de Cascavel, os colonizadores determinaram a locação de uma nova estrada, passando pelos espigões e desviando o máximo das aguadas. Atravessando apenas a Água do Dez, a estrada foi aberta com grande trabalho e sacrifício. Havia trechos em que os tratores tinham de atravessar densas matas.
Foram 30 quilômetros de estradas que mudaram o destino da cidade, pois consolidou a posição como centro de uma região rica e produtiva. Para a construção da estrada muitos de terras colaboraram com uma cota de óleo diesel para auxiliar no custeio da obra. Eles entenderam o sacrifício que a empresa estava fazendo, pois sem possuir terras uma colonizadora, esta se portando como tal, construindo uma estrada que passava por terras que nem eram suas, com o objetivo de estimular o desenvolvimento de uma cidade.
Foi gratificante para os colonizadores verem o Departamento de Estrada de Rodagem (D.E.R) manteve o traçado original da estrada depois que assumiu a sua conservação e que o mesmo traçado foi mantido quando ela foi pavimentada (atual rodovia PR-180).
Goioerê crescia a olhos vistos e aos poucos as ruas iam ficando cheias de casas evidenciando que ali seria uma grande cidade.

Emancipação política

 
Primeiro predio da Prefeitura de Goioerê.
Ao mesmo tempo em que a cidade se desenvolvia, os colonizadores desenvolviam um trabalho de suma importância, que era o de atrair pequenos e médios agricultores para a região.
Dos 1.200 alqueires da família Scarpari, 150 foram destinados à cidade , 500 para as fazendas e os 550 alqueires restantes divididos em lotes de 5 a 10 alqueires, para venda. Essa tarefa de promover a venda e direcionar agricultores para Goioerê foi desenvolvida por Carlos Scarpari.
Nesta época, Francisco Scarpari executava um intenso trabalho de apoio ao desenvolvimento da cidade. Dedicava-se ativamente na construção da Primeira escola primária, da Delegacia de Polícia e do Novo Hotel. Wladimir Scarpari cuidava da parte administrativa, vendas e construção de estradas, abertura de ruas , campo de aviação e garantia a assistência técnica às maquinas. Mansueto Serafini, em Curitiba , colaborava com todo o processo, adquirindo materiais, providenciando projetos, inclusive modificações no projeto original do loteamento.
Goioerê era uma grande oficina de trabalho. O movimento comercial crescia em função das lavouras que se expandiam. A primeira safra de café dava novo ânimo aos agricultores e comerciantes.
As dificuldades, porém eram muitas e havia falta de tudo: escolas, hospitais, estradas, etc. Os poderes políticos nada faziam para amenizar a situação e começou a crescer o desejo da emancipação política.
 
Avenida Moisés Lupion em 1.966.
O espírito comunitário e político começava a ganhar corpo em Goioerê. Dário Moreira Castilho constituiu o diretório do PTB e Francisco Scarpari fundou o PSD, que mais tarde viria a dar apoio maciço a eleição de Moisés Lupion para um segundo mandato como governador do Estado.
A emancipação política, contudo não foi fácil. Jaracatiá , então um pequeno povoado dentro da fazenda de Adão de Almeida, era administrado por João Lavadeira, político hábil, maneiroso, muito bem relacionado com deputados em Curitiba.
Lavadeira chegou a convencer um grupo de deputados que a sede do novo município deveria ser em Jaracatiá, que possuía na época não mais de 40 ou 50 casas.
Alertados sobre a situação, Wladimir e Francisco Scarpari fretaram um avião e tiraram fotografias aéreas das duas localidades. As fotografias foram levadas a Curitiba e ajudaram a convencer os deputados sobre o absurdo que estavam prestes a cometer.
Conseguiu-se assim, finalmente, a aprovação da lei que criava o município de Goioerê, que foi promulgada no dia 10 de agosto de 1.955.
Na primeira eleição para prefeito Francisco Scarpari foi candidato único, pela coligação PTB/PSD, iniciando uma nova fase na história de Goioerê.